Teologias feministas e movimentos de mulheres na Argentina: contribuições para pensar a construção do poder popular
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Resumo
As reflexões sobre o poder representam uma demanda do momento para os povos da América Latina. Embora sempre presentes na academia e nos movimentos sociais, as categorias de entendimento sobre o poder têm sido múltiplas e em disputa: da compreensão do poder como valor negativo, à relativização das estruturas hegemônicas, e ao desaparecimento do sujeito como agente social. É neste quadro histórico, político e social que se torna essencial do campo dos estudos da comunicação reconceituar o poder a partir de uma perspetiva popular, de forma a compreender os processos sociais e culturais presentes nos países “periféricos” face à blocos hegemônicos, que representam uma ameaça real aos processos de emancipação e soberania. Recuperar discussões sobre poder e sujeitos levanta a necessidade de encontrar chaves que nos permitam gerar articulação e unidade nos movimentos populares, bem como gerar transformações políticas mais sólidas. Nesse sentido, os movimentos de mulheres apresentam hoje o desafio de se consolidarem como muro de contenção de projetos neofascistas, rompendo com visões conservadoras da ordem social e com discursos de “salvei quem puder”, para abrir caminho para outra forma de relacionamento-ligação que permite traçar pontes de compreensão e irmandade com o sofrimento da alteridade. O presente trabalho tenta recuperar reflexões e práticas dentro dos movimentos de mulheres na Argentina para avaliar as propostas de construção do poder popular que suas ações representam no espaço público, dentro e fora das organizações políticas tradicionais. Da mesma forma, esta reflexão incorpora a articulação dos referidos movimentos com a Teologia Feminista Latino-Americana, sob a hipótese de que a proposta ética dos referidos religiosos se articula com as práticas de transformação da ordem social propostas pelos movimentos de mulheres, feminilidades e diversidades na órbita nacional.
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