Interseccionalidade no Consumo Midiático: Jovens Cisgênero e Heterossexual em aplicativos de namoro

Resumo

Inscrito no campo da Comunicação e Gênero, a presente pesquisa qualitativa estuda como o consumo de aplicativos de relacionamento e a sociabilidade erótico-afetiva adjacente são condicionados pela interseção de classe social, gênero e sexualidade entre jovens cisgêneros e heterossexuais que vivem na Area Metropolitana de Buenos Aires. Para isso, foram realizadas vinte e duas entrevistas semiestruturadas com usuários e analisadas por meio de codificação temática e codificação axial. A primeira observação é que o consumo de aplicativos de namoro é socialmente estratificado, o que reforça a homogamia de classe e acaba produzindo uma plataformização do espaço social. Isso questiona a noção de contrato de leitura, pois a preferência por um aplicativo ou outro não seria exclusivamente enunciativa, mas o fator classe teria mais peso. Ele também apresenta um caso de estratificação do consumo de mídia digital que se adiciona à genericização descrita por pesquisas recientes. Em segundo lugar, as interações são regidas por um ritual de relacionamento cisheteronormativo que sanciona e disciplina aqueles que tentam transgredi-lo. Destaca-se o caso das mulheres cisheterossexuales entrevistadas que querem começar a sair com mulheres e não conseguem fazê-lo devido a "problemas de comunicação". Em um contexto de mudança social provocada pela massificação dos feminismos, as subjetividades mudam mais rapidamente do que as estruturas interacionais e ocorre a histerese. No final, o artigo oferece novas perguntas para futuras pesquisas.