Discursos de gênero e feministas na imprensa feminina da Web na Argentina. OHLALÁ e as novas normas para sua comunidade de mulheres

Resumo

O artigo aborda a inserção de discursos feministas na imprensa feminina atual na Argentina. Para isso, explora as construções discursivas em torno das categorias gênero e feminismo no site da revista OHLALÁ, entre 2018 e 2020, anos marcados pela midiatização do debate pela Lei nº 27.610 sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez. Com o objetivo geral de identificar a interferência de temas e slogans do atual movimento feminista no país, em um meio de comunicação historicamente destinado à construção do feminino, analisa os usos das noções de gênero e feminismo na produção discursiva de feminilidades em OHLALÁ. Com a intenção de indagar sobre as modalidades semióticas e as estratégias discursivas a partir das quais o feminismo se insinua na imprensa feminina e discute o que parecia fixo, imutável e natural, questiona que novas exclusões esses discursos instalam. Entre os resultados encontram-se no OHLALÁ discursos feministas articulados a uma concepção de feminilidade contemporânea associada a novas normas: irmandade, empreendedorismo, mobilização, crítica, formação, diferença e diversidade, tendo como pano de fundo um feminismo branco, cisgênero, classe média, metropolitano e heteronormativo. O feminismo é apresentado, por um lado, de forma espetacular, corporificado em celebridades, o que o torna mais visível, acessível e desejável. Associa-se a práticas e valores do neoliberalismo, produzindo discursos onde iniciativas pessoais e inovadoras são entendidas como práticas feministas. Por outro lado, produz discursos que falam sobre a popularização do movimento feminista, divulga sua história, informa e defende leis de direitos sexuais, convoca para participar de passeatas. Dessa forma, a incorporação de noções de feminismo apresenta um ponto de inflexão em que feminismo(s) e feminilidade(s) não são alternativas opostas, mas se entrelaçam.