Tecendo narrativas a transexualidade na telenovela “A força do querer” e no canal “Para Tudo de Lorelay Fox”

Conteúdo do artigo principal

Josefina de Fátima Tranquilin-Silva
Georgia de Mattos

Resumo

Danilo, criador de Lorelay Fox – drag queen, youtuber e artivista LGBTIQ – torna-se ouvinte de uma receptora da telenovela “A força do querer”, a qual constrói sua narrativa a partir da transexualidade da/do personagem Ivana/Ivan. Após a escuta, Lorelay apresenta em seu canal, no YouTube, o vídeo “Meu relato sobre a novela ‘A força do querer’” e este conteúdo leva às narrativas das juventudes, suas interlocutoras. Este artigo propõe refletir sobre essa tessitura de narrativas, que tem como foco a transexualidade da/do personagem Ivana/Ivan. Objetiva analisar como esta personagem foi produzida na telenovela, a partir das relações de gênero imbricadas na experiência transexual; e investigar as mediações entre as narrativas presentes nesse processo comunicativo: telenovela, receptora, ouvinte Danilo, produtora de conteúdos digitais, Lorelay Fox e as juventudes que com ela interagem. Concluímos que o cotidiano vivenciado por todos neste processo comunicativo, estrutura a intertextualidade comunicacional, que promove a visualidade e a visibilidade das identidades individuais e coletivas, podendo reconstruir subjetividades e, dessa forma, as experiências trans podem ser um pouco mais autorizadas, em um modo de existir midiatizado.

Referências

Bastos, M (2012). Medium, media, mediação e midiatização: a perspectiva germânica. Em: Mattos, M.; Janotti J.; JACKS, N. (Org.). Mediação e Midiatização. Salvador, Brasil: EDUFBA. Obtido em http:// https://static.scielo.org/scielobooks/k64dr/pdf/mattos-9788523212056.pdf.

Bento, B. (2006). A Reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro, Brasil: Garamond.

Bento, B. (2008). O que é Transexualidade. São Paulo, Brasil: Brasiliense.

Butler, J. (2003). Problemas de Gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Brasil: Civilização Brasileira.

Castro, M. (2018). O golpe de 2016 e a demonização de gênero. Em: RUBIM, L.; Argolo, F. (Org.). O Golpe na perspectiva de Gênero. (pp. 127-146) Salvador, Brasil: Edufba.

Cogo, D., y Brignol, L. (junho de 2010) Redes sociais e os estudos de recepção na internet. In: Associação Nacional Dos Programas De Pós-Graduação Em
Comunicação, 19., Rio de Janeiro, Brasil. Anais... Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2010. Obtido em http://http://compos.com.puc-rio.br/media/gt12_denise_cogo.pdf.

Costa, M. (2000). A milésima segunda noite: da narrativa mítica à telenovela. Análise estética e sociológica. São Paulo, Brasil: Annablume.

Du Gay, P. et al. (1997). Doing Cultural Studies: the story of the Sony Walkman. Londres, England: Sage.

Fox, L. (2017). “Meu relato sobre a novela A força do querer”. Youtube. Obtido em http:// https://www.youtube.com/watch?v=D03xHTeCfTo.

Gomes, N. (2018). Golpe disfarçado de impeachment: uma articulação escusa contra as mulheres. Em: RUBIM, L.; ARGOLO, F. (Org.). O Golpe na perspectiva de Gênero. (pp. 147-160) Salvador, Brasil: Edufba.

Hall, S. (2001). A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, Brasil: DP&A.

Hjarvard, S. (julho/dezembro de 2015) Da mediação à Midiatização: a institucionalização das novas mídias. (VOL 2) No. 3 Parágrafo: 50-62.

Jacks, N. (2008) Repensando os estudos de recepção: dois mapas para orientar o debate. (VOL 10) No. 2 Ilha: 18-35. Obtido em http:// https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/2175-8034.2008v10n2p17/15988.

Martín-Barbero, J. (1997). Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro, Brasil: UFRJ.

Martín-Barbero, J; Rey, G. (2001). Os exercícios do ver: hegemonia, audiovisual e ficção televisiva. São Paulo, Brasil: SENAC.

Mott, L., Michels, E., y Paulinho. (2017). Pessoas LGBT mortas no Brasil. Relatório 2017. Bahia, Brasil: Grupo Gay da Bahia. Obtido em http:// https://homofobiamata.files.wordpress.com/2017/12/relatorio-2081.pdf.

Nova novela das 9: conheça a trama e os personagens de ‘A Força do Querer’. (2017). Gshow,. Obtido em http:// http://gshow.globo.com/tv/noticia/2016/12/nova-novela-das-9-conheca-trama-e-os-personagens-de-forca-do-querer.html.

Preciado, P. (2014). Manifesto Contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual.1. ed. São Paulo, Brasil: n-1 edições.

Rincón, O. (2006). Narrativas Mediáticas: O como se cuenta la sociedade del entretenimento, Barcelona, Espanha: Gediza.

Rocha, R.Tranquilin-Silva, J, (agosto/novembro de 2016) Alteridade de gênero e deslocamentos de sentido como práticas feministas em rede: observações sobre a página “Moça, você é machista”. (VOL 35) No. 02 Contracampo: 33-51. Obtido em http:// http://periodicos.uff.br/contracampo/article/view/17572/pdf.

Silva, A (2001). Imaginários urbanos. São Paulo, Brasil: Perspectiva.

Silva, J. (2006). As tecnologias do imaginário. Porto Alegre, Brasil: Sulinas.

Sodré, M. (2006). As estratégias do sensível: afeto, mídia e política. Petrópolis, Brasil: Vozes.

Souza, N. Caram, B. (outubro de 2014) Congresso eleito é o mais conservador desde 1964, afirma Diap. São Paulo, Brasil: Estadão. Obtido em http:// https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,congresso-eleito-e-o-mais-conservador-desde-1964-afirma-diap,1572528.

Tranquilin-Silva, J. (maio/agosto 2017a) O ativismo digital de Lorelay Fox: estética e performance de gênero. (VOL 14) No. 40 Comunicação, Mídia e Consumo: 26-46. Obtido em http:// http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/1316/pdf.

Tranquilin-Silva, J. (2007). O erótico em Senhora do Destino: recepção de telenovela em Vila Pouca do Campo, Portugal. 2007. 357 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. Obtido em http:// https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/3795/1/Josefina.pdf.

Tranquilin-Silva, J. (outubro de 2015) Sou santa, sou puta, sou filha da luta. Em: Congresso Internacional Comunicação E Consumo, 5., São Paulo, Brasil. Anais... São Paulo: Escola Superior de Propaganda e Marketing, 2015. Obtido em http://anais-comunicon2015.espm.br/GTs/GT5/22_GT5_TRANQUILIN-SILVA.pdf

Tranquilin-Silva, J. (julho/dezembro de 2016) Corpos falantes e rostos (in) visíveis: corpo, sexualidade e feminismo em “Moça, você é machista”. (VOL 20) No. 10 Rumores: 234-255. Obtido em http:// http://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/116329/124272.

Tranquilin-Silva, J. (dezembro de 2017b) Corpos (não)representáveis e suas (in)existências pós-periféricas. (VOL 5) No. 10 Tríade: 131-145. Obtido em http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/triade/article/view/3105/2819.

Tranquilin-Silva, J. (outubro de 2014) Como os jovens se relacionam com o erotismo? Narratividades eróticas nos ambientes digitais. Em: Congresso Internacional Comunicação E Consumo, 4., São Paulo, Brasil. Anais... São Paulo: Escola Superior de Propaganda e Marketing, 2014. Obtido em http://www.espm.br/download/Anais_Comunicon_2014/gts/gt_cinco/GT05_TRANQUILIN.pdf.

Wiliams, R. (1969). Cultura e sociedade. São Paulo, Brasil: Ed Nacional.

Wolfart, G., (abril de 2009) A interação humana atravessada pela midiatização. (EDIÇÃO 289). Revista do Instituto Humanitas Unisinos. Obtido em http:// http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2476.