O método de ensino notas para uma história que nem sempre é contada

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Araceli de Tezanos

Resumo

O objetivo deste ensaio é dar conta de uma história ausente. Para isso recorremos às nossas ferramentas habituais de análise hermenêutica de textos históricos, que em geral não fazem parte das leituras que se realizam nas escolas de formação de professores no momento de expor e desdobrar as ideias fundacionais que levam a articular e definir o método de ensino. As primeiras leituras são textos dos séculos XII e XIII: São Victor e Gundissalinus (Gundisalvo) que trazem de volta ao Ocidente, por meio de traduções do grego e do árabe para o latim, os saberes acumulados de sua época que foram transmitidos por vida em conventos e mosteiros. Aquele espaço onde surge a escolástica que estará presente nos primeiros esforços para estabelecer um cânone de ensino, de transmissão dos conteúdos das sete artes liberais, articulados no trivium e no quadrivium, alguns de cujos princípios ainda estão na base inconsciente, nas formas de dar aula. Nesse contexto, surge uma contracorrente aparentemente discrepante às posições de Aristóteles, corporificada nas obras de Pierre de la Ramée (Peter Ramus). Sua preocupação com o ensino, a inscrição pela primeira vez do conceito de currículo para mostrar a ordenação e organização que tornam possível a transmissão das sete artes liberais, estabelecendo a separação entre as disciplinas pela primeira vez. Este ensaio pretende ser apenas um início de uma história não contada do método de ensino, cujo conteúdo permitiu a Juan Amos Comenius escrever sua Didactica Magna.

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