Artículos científicos

Cyberbullying na América latina: uma revisão sistemática de literatura de 2012 a 2018

Cyberbullying in Latin America: a systematic review 2012 to 2018

Cyberbullying en América Latina: una revisión sistemática de la literatura de 2012 a 2018

Liberalina Santos de Souza Gondim
UniversidadeFederal do Vale do São Francisco , Brasil
Marcelo Silva de Souza Ribeiro
Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf , Brasil

Revista Praxis

> Corporación Universitaria Minuto de Dios – UNIMINUTO, Colombia

ISSN: 2590-8200

Periodicidade: Semestral

vol. 20, núm. 26, 2020

 

Recepção: 08 Dezembro 2019

Aprovação: 15 Dezembro 2019

Publicado: 03 Fevereiro 2020



DOI: https://doi.org/10.26620/uniminuto.praxis.20.26.2020.202-237

Resumo: O cyberbullying pode ser considerado uma nova forma de bullying decorrente do avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Assim, o presente estudo propõe uma revisão sistemática da literatura latino-americana sobre o cyberbullying, buscando identificar aspectos referentes ao conteúdo das publicações – avanço da produção, áreas do conhecimento, população, teorias, metodologias e resultados. O levantamento de artigos foi feito no período de maio e junho de 2016 e ampliado em novembro de 2020, nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic), considerando os artigos publicados entre 2012 e 2018, utilizando o descritor “cyberbullying”. Em seguida foi realizada a avaliação dos estudos incluídos, a categorização deles, a interpretação dos resultados e síntese do conhecimento. A revisão encontrou apenas 37 artigos de 08 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Uruguai. As publicações ocorreram prioritariamente das áreas da educação e da saúde, tendo como população selecionada os pré-adolescentes e os adolescentes. O referencial teórico das produções se baseou, em geral, nos conceitos de violência, bullying . cyberbullying. As metodologias foram, em sua maioria, quantitativas com uso de escalas. Os resultados dos artigos foram distribuídos em cinco categorias: (i) uso das tecnologias; (ii) características e prevalência do cyberbullying; (iii) repercussões para vítimas e agressores; (iv) relação com o bullying tradicional e com outras variáveis; e (v) estratégias de enfrentamento. De modo geral os estudos têm focalizado o conhecimento sobre o fenômeno e suas especificidades, havendo carência de intervenções práticas na realidade social para lidar com o cyberbullying.

Palavras-chave: bullying, cyberbullying, tecnologia da informação, psicologia social, revisão sistemática.

Resumen: El ciberacoso puede considerarse una nueva forma de acoso debido al avance de las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC). Así, este estudio propone una revisión sistemática de la literatura latinoamericana sobre ciberacoso, buscando identificar aspectos relacionados con el contenido de las publicaciones: avance de producción, áreas de conocimiento, población, teorías, metodologías y resultados. La encuesta de artículos se realizó entre mayo y junio de 2016 y se amplió en noviembre de 2020, en las bases de datos Scientific Electronic Electronic Library Online (Scielo) y ElectronicJournals in Psychology (Pepsic), considerando los artículos publicados entre 2012 y 2018, utilizando el descriptor “cyberbullying”. Luego, se evaluaron los estudios incluidos, su categorización, interpretación de resultados y síntesis de conocimientos. La revisión encontró solo 37 artículos de ocho (8) países: Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, México, Perú y Uruguay. Las publicaciones se realizaron principalmente en las áreas de educación y salud, con preadolescentes y adolescentes como población seleccionada. El marco teórico de las producciones se basó, en general, en los conceptos de violencia, bullying y cyberbullying. Las metodologías fueron en su mayoría cuantitativas con el uso de escalas. Los resultados de los artículos se dividieron en cinco categorías: (i) uso de tecnologías; (ii) características y prevalencia del ciberacoso; (iii) repercusiones para víctimas y agresores; (iv) relación con el bullying tradicional y otras variables; y (v) estrategias de afrontamiento. En general, los estudios se han centrado en el conocimiento del fenómeno y sus especificidades, con una falta de intervenciones prácticas en la realidad social para hacer frente al ciberacoso.

Abstract: Cyberbullying is considered a new form of bullying due to the advancement of Information and Communication Technologies (ICT). Thus, the present study performed a systematic review of Latin American studies on cyberbullying to identify aspects related to the content of publications - advancement of production, areas of knowledge, population, theories, methodologies, and results. The search for studies was carried out between May and June 2016 and expanded in November 2020, used the Scientific Electronic Library Online databases (Scielo) and Electronic Journal of Psychology (Pepsic), articles published between 2012 and 2018 were considered, regardless of the publication year, using “cyberbullying” As the keyword. We then evaluated the studies, categorized them, interpreted the results and synthesed their findings. The current review found 37 published articles from 08 countries: Argentina, Brazil, Chile, Colombia, Ecuador, Mexico, Peru, and Uruguay. The publications occurred priority in the areas of education and health, with privileged population of pre-teens and teens. The theoretical references of the productions were based generally on the concepts of violence, bullying and cyberbullying. The methodologies were majorly quantitative with the use of scales. The results of the articles could be divided into five categories: (i) use of technology; (ii) characteristics and prevalence of cyberbullying; (iii) impact on victims and agressors; (iv) comparisons with traditional bullying and other variables; and (v) coping strategies. In general, the studies focused on the knowledge of the phenomenon and its specificities, with lack of practical interventions in the social reality to deal with cyberbullying.

Keywords: bullying, cyberbullying, information technology, social psychology, review, bullying, ciberacoso, tecnología de la información, psicología social, revisión sistemática.

Introdução

A sociedade atual está vivenciando um processo de transformação estrutural multidimensional diante do desenvolvimento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) (Castells & Cardoso, 2005). Estas, representam “todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para tratar dados e ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica, quer esteja aplicada no produto, quer esteja aplicada no processo” (Cruz, 2000, p. 24). Porém, ao falar o termo novas tecnologias, considera-se não apenas estes dispositivos em constante transformação, mas envolve também um processo social, a atividade multiforme de grupos humanos, um devir coletivo complexo que se cristaliza em volta de programas e dispositivos de comunicação que causam impactos, tanto positivos como negativos na sociedade (Levy, 1999).

Especialmente a partir da década de 90 do século XX as tecnologias têm evoluído de maneira extraordinária, de modo que atualmente a internet tornou-se um elemento onipresente na vida social e faz parte do dia-a-dia, de modo que todos os usuários da rede, independe da geração, devem necessariamente desenvolver habilidades mínimas que lhes permitam coexistir no ecossistema de midiático do qual, indiscutivelmente, fazem parte (Caldeiro-Pedreira & Castro-Zubizarreta, 2020). Chama-se atenção especialmente as crianças e adolescentes, chamados nativos digitais (Prensky, 2001), pois, elas crescem em meio a tablets, smartphones e multimídias cada vez mais desenvolvidas e que influenciam suas formas de socialização e relacionamento com o mundo a sua volta, gerando oportunidades, mas também riscos. Estes últimos, gerados pelo relativo anonimato online, pela minimização da comunicação não verbal, por questões relativas à privacidade, pela sensação de liberdade e inimputabilidade, entre outros fatores (Barbosa, 2014).

Neste contexto, o fenômeno bullying que já se manifestavam nos ambientes educacionais, ganha dimensões específicas no ambiente virtual, o chamado cyberbullying. Assim, considera-se o bullying como um tipo de comportamento agressivo cuja especificidade é a forma intencional, repetitiva e sem motivação aparente pela qual ocorre, normalmente ligada ao contexto escolar e envolvendo um desequilíbrio de poder (Olweus, 1997). Já o cyberbullying é visto como o uso das TICs para assediar, ameaçar, constranger e humilhar vítimas por meio de e-mails, mensagens de texto, fotos e vídeos ofensivos, manipulação de imagens, bate-papo e redes sociais, de modo a atingir milhares de expectadores em pouco tempo (Shariff, 2011).

Neste contexto, situações do cotidiano escolar, agora transferidas para ambientes virtuais, potencializam e diversificam as formas efetivas de bullying por meio eletrônico, uma vez que proporcionam a possibilidades de proliferação rápida de conteúdo, assim como consolidação de práticas abusivas em espaços tão populares, como as redes sociais (Gómez, Castillejo & Vargas, 2013).

Sobre o comportamento de vítimas e agressores nessas formas de intimidação online, considera-se que a ausência de contato pessoal com as vítimas pode alimentar no agressor crença de imunidade em relação a seus atos, dificultando para que ele sinta empatia pela vítima, de modo que pode haver falhas no desenvolvimento de algumas habilidades sociais (Calvete, Orue, Estévez, Villardón y Padilla, 2010). Na vítima, as consequências podem envolver: stress, tensão, desconfiança, insegurança, sentimento de impotência e fragilidade, humilhação, pânico, impossibilidade de encarar os familiares e amigos, baixa autoestima, depressão, e tentativa ou ideação suicida (Patchin & Hinduja, 2010; Barbosa, 2014)

Assim, a presente pesquisa teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura latino-americana sobre o fenômeno cyberbullying e analisar o avanço da produção ao longo dos anos, verificando quais as áreas do conhecimento estão produzindo pesquisas sobre o tema, identificando a população alvo das pesquisas, as principais teorias utilizadas, a natureza dos estudos, suas metodologias e os resultados encontrados.

Metodologia

A presente pesquisa trata-se de uma revisão sistemática de literatura, de natureza quanti-qualitativa. Foi realizada em meio eletrônico, nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic).

A coleta de dados inicial foi realizada no período entre maio e junho de 2016, porém em novembro de 2020 houve uma revisão e ampliação dos dados.Os artigos selecionados no presente estudo foram aqueles divulgados nas bases de dados selecionadas que trataram sobre a temática do cyberbullying respeitando os critérios de inclusão e exclusão.

Como critérios de inclusão foram considerados: artigos publicados na Scielo e Pepsic, com o descritor “cyberbullying” entre os anos de 2012 a 2018. Foi utilizado apenas este descritor por considera-lo o que melhor define a temática, pois em buscas realizadas com termos próximos surgiram muitos artigos irrelevantes para este estudo. Foram excluídos os artigos em idioma diferente do português e do espanhol, as pesquisas realizadas em países fora da América Latina; artigos de revisão de literatura, teses e dissertações, artigos considerados sem relevância para a temática de estudo, além de artigos repetidos nas bases de dados. Por visar facilitar o acesso a informações sobre cyberbullying para educadores e familiares de alunos que sofrem ou possam vir a sofrer os efeitos desta prática violenta, deu-se prioridade a literatura escrita nos idiomas português e espanhol.

Na primeira busca pelo descritor foi encontrado um total de 86 artigos, após a aplicação dos critérios de exclusão obtevese uma amostra final de 37 artigos. A metodologia de coleta dos dados foi composta pelas seguintes etapas: levantamento bibliográfico em meio eletrônico (figura 1), avaliação dos estudos incluídos na revisão, categorização dos estudos, interpretação dos resultados, e síntese do conhecimento.

Fluxograma do proce sso de seleção de artigos
Figura 1.
Fluxograma do proce sso de seleção de artigos
Fuente: elaboración propia.

Na etapa de avaliação dos estudos, realizou-se uma leitura compreensiva de cada artigo, evidenciado os temas centrais abordados e os aspectos relevantes de suas contribuições para a ciência, que resultou em cinco tópicos básicos discutidos no artigo. Na etapa de categorização, utilizou-se uma tabela como instrumento para registro das informações de cada artigo científico: ano de publicação, autores, revista, referencial teórico, delineamento, local, participantes e principais resultados, para posterior análise. Na interpretação dos resultados, as informações que respondem aos objetivos desta revisão foram organizados em frequência simples e porcentagem para uma melhor visualização. Na síntese do conhecimento o conteúdo da revisão foi apresentado na forma como se encontra

Por se tratar de um estudo de revisão sistemática de literatura, que utiliza dados de domínio público, o presente estudo não oferece nenhum risco à comunidade. Quanto aos benefícios dessa pesquisa, estão relacionados à síntese e a divulgação do conhecimento científico já produzido na área. disposto neste artigo.

Resultados

Os artigos incluídos na revisão foram publicados no período entre 2012 e 2018. Cinco deles no ano de 2012, três em 2013, três em 2014, um em 2015, cinco em 2016, seis em 2017, e 13 em 2018. Isso demonstra que que até o ano de 2015 o o cyberbullying era um tema ainda pouco explorado nas pesquisas latino-americanas, havendo um crescimento do interesse pela área nos anos seguintes, entre 2016 a 2018. Percebe-se que o assunto começou a chamar atenção dos pesquisadores em respostas as demandas sociais e mudanças nas formas de relacionamento entre os pares, mediada cada vez mais pelas TICs. Sendo assim, tais pesquisas parecem indicar que o tema está em uma fase de desenvolvimento, havendo indícios dos seus efeitos na sociedade para que gradativamente seja pensado em estratégias preventivas e interventivas que possam ser aplicada na realidade social, especialmente no contexto escolar.

Esta revisão identificou que as áreas do conhecimento que estão produzindo sobre o tema são principalmente a educação e a saúde. Dos 37 artigos incluídos, 13 foram de revistas educacionais – Innovación Educativa, Revista da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, Estudios Pedagógicos, Integra Educativa, Actualidades Investigativas en Educación, Revista Mexicana de Investigación Educativa, Revista iberoamericana para la investigacion y el desarollo educativo, Ciencia, Docencia y Tecnología, Psicologia da Educação, e Alteridad: revista de educacíon – 19 em revistas de saúde - Anales de la Facultad de Medicina, Boletín médico del Hospital Infantil de México, Revista Médica del Uruguay, e Escritos de Psicología, Psicología desde el Caribe, Salud Colectiva, Revista Latinoamericana de Psicología, Revista Colombiana de Psiquiatría, Revista Colombiana de Psicología, Subjetividad y Procesos Cognitivos, Revista de Psicología, Psychologia: avances de la disciplina, Acta. Colombía Psicología, Pensamiento Psicológico, Revista Chilena de Pediatria, Avaliação Psicológica, e Revista Diversitas: Perspectivas en Psicología – e cinco em revista interdisciplinar – Intercom, Revista Científica General José María Córdova, Perspectivas em Ciência da Informação, Interdisciplinaria, e Revista Encuentros.

Quanto aos referenciais teóricos utilizados nas pesquisas, observou-se que os autores se baseiam, em geral, nos conceitos de violência virtual, bullying e cyberbullying, recorrendo a diferentes teóricos que tratam estes temas, como Olweus (1994,1997), Smith (2004, 2012), Ortega (2008, 2012), entre outros. O estudo realizado por Azevedo, Miranda e Souza (2012) usou a teoria Psicanalítica e o de Rincón Rueda e Ávila Diaz (2014) utilizou a perspectiva teórica da Sociologia Urbana para discutir o tema.

Fizeram parte da amostra dois estudos teóricos 35 relatos de pesquisa, entre os quais seis tiveram delineamento qualitativo, 27 com delineamento quantitativo, e dois quanti-qualitativo (quadro 1).

Quadro 3.
Categorização dos artigos.
Categorização dos artigos.






Fuente: elaboración propia.

A população selecionada nos estudos foram estudantes secundaristas, sendo eles pré-adolescentes e adolescentes em sua maioria, pois apenas sete estudos incluíram estudantes universitários. Em síntese, 26 pesquisas tiveram amostras com pré-adolescentes e adolescentes, , oito estudos tiveram amostras com universitários. Além disso, dois estudos incluíram crianças na amostra (Arias Cerón, Buendía Eisman & Fernández Palomares, 2018; Menay-López & Fuente-Mella, 2014), três investigaram também professores (Menay-López & Fuente- Mella, 2014; Lanzillotti e Korman, 2018; Castro-Granados, Medina-Almeida & Morales, 2017), e um incluiu também diretor e psicólogo (Menay-López & Fuente-Mella, 2014).

As pesquisas foram realizadas em diferentes países da América Latina, dos quais seis foram feitos na Argentina, seis no Brasil, quatro no Chile, sete na Colômbia, um no Equador, nove no México, três no Peru, e um no Uruguai.

Em relação aos instrumentos utilizados nas pesquisas, destaca-se a utilização de escalas de medida, utilizada em todos os 27 estudos com delineamento quantitativo, dentre os quais cinco travavam-se de validação ou adaptação de escalas de medida, enquanto os demais utilizaram escalas para identificar aspectos como frequência do cyberbullying e as consequências biopsicossociais deste fenômeno, associado ou não a outras variáveis. No que diz respeito aos estudos qualitativos, os principais instrumentos utilizados foram: entrevistas, questionários e observações. Assim, pode-se dizer que, quando se trata de relatos de pesquisas, os autores tem dado preferência a desenhos metodológicos quantitativos sobre o tema, visando investigar de maneira abrangente as manifestações de cyberbullying em determinados grupos populacionais. Deste modo, pesquisas qualitativas que explorem de maneira profunda os aspectos envolvidos nas vivências da violência pelo meio virtual ainda são escassas.

As escalas de medidas utilizadas pelos autores nos estudos quantitativos foram as mais diversas, algumas adaptadas e validadas de outros autores e contextos. As análises desse tipo de estudo envolveram estatísticas descritivas e/ou inferenciais com o auxilio de pacotes estatísticos como o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).

Dentre os resultados encontrados nas pesquisas destacam-se aspectos relativos a: diferentes usos que são feitos das novas tecnologias pelos jovens investigados, que aparecem em oito artigos; informações sobre a prevalência do cyberbullying e suas características, especialmente entre vítimas e agressores, também discutidas em nove estudos; a relação com outras variáveis como sexo, idade, instituição de vínculo (pública ou privada), acesso a tecnologias, e nível socioeconômico, avaliados em sete estudos; a relação com o bullying tradicional, discutido em três estudos; as repercussões na vida das vítimas e agressores em termos de sintomas e consequências, mostrados em seis estudos; e as estratégias de enfrentamento mobilizadas pelos atores envolvidos ou pelas instituições sociais, presentes em cinco artigos.

Os artigos encontrados na literatura demonstram que o cyberbullying é um fenômeno complexo que se relaciona com diversos fatores da conjuntura social atual, permeada por constantes inovações tecnológicas e pela virtualização das relações. De modo geral, os estudos reconhecem suas limitações e demonstram a necessidade de que seus resultados sejam complementados por outros estudos.

Discussão

Considerando os resultados obtidos através da análise dos artigos, evidencia-se que os aspectos abordados nas pesquisas giram basicamente em torno de cinco tópicos centrais: uso das tecnologias; características e prevalência do cyberbullying; repercussões para vítimas e agressores; relação com o bullying tradicional e com outras variáveis; e estratégias de enfrentamento. Estes serão discutidos a seguir.

Uso das tecnologias

O estudo de Santander (2013) aponta a América Latina como a região onde a audiência da Internet mais tem crescido, pois, especialmente nos três anos anteriores a sua pesquisa, percebeu o aumento da demanda por conteúdo digital, com o acesso principalmente através de dispositivos móveis e por adolescentes.

O celular também aparece em outra pesquisa como a ferramenta mais utilizada para intimidar (García-Maldonado, et al 2012). Segundo Menay-López e Fuente-Mella (2014) a plataforma de comunicação mais utilizada para o cyberbullying é o Facebook, com a diferença de que alunos de nível socioeconômico médio utilizam como ferramenta de acesso celulares do tipo smartphones e computadores, enquanto alunos de nível socioeconômico alto fazem isso por meio de notebooks, iPads e smartphones.

Considerando os riscos do uso excessivo das TICs, Prieto et al. (2015) demonstram que 90% dos jovens pesquisados têm acesso à internet em casa e cerca da metade acessa a internet móvel via celular do tipo smartphone. Reyes e Bañales (2016) abordam que o tipo de celular mais utilizado em sua amostra foi o padrão (46%), seguido do smartphone (40%), e apenas 35% tinham computador em casa. Já a pesquisa de Cavalcante et al. (2017) constatou que 70% dos participantes utilizam o computador em casa como principal forma de acesso à internet, seguindo da telefonia móvel (20%). Por outro lado, Vivas (2018) demonstram que apesar de 62% da amostra ter computador em casa, 35% se conectam principalmente por meio do celular e 34% pelo computador.

Sobre o tempo médio de conexão, Prieto et al. (2015) encontrou entre duas e quatro horas de uso por dia (63.9%). Além disso, chamam atenção para a “negação do outro” ao seu redor quando se está conectado, sendo esta também uma forma de agressão. Valores mais baixos foram encontrados por Navarro e Yubero (2012) identificando que, em um dia típico, 15,9% dos investigados utilizam entre uma e quatro horas a internet, e 2,8% os fazem por mais de quatro horas.

Porém, é possível que o tempo de uso da internet pelos jovens esteva aumentando ao longo do tempo, pois no estudo de López, Quezada e Navarro (2018) o tempo de conexão média foi de 7 horas durante a semana, fazendo uso também em horário de aula, e 9 horas nos finais de semana, de modo que pelo menos um em cada dois usavam a internet inclusive de madrugada, e 71,3% da amostra indicou que o Whatsapp “vicia”, apesar de apenas 34,3% se considerar dependente do aplicativo.

Entre os motivos para se conectar, Navarro e Yubero (2012), apontaram “conversar com amigos” (70,8%), “conseguir falar mais” (33,8%) e “fazer novos amigos” (21,7%). Já Vivas (2018) identificou que os alunos estudados usam as TICs para bater papo (20%), visitar redes sociais (17%), ouvir música ou assistir a vídeos (14%), e fazer o dever de casa escola (17%). Assim, apesar de serem muito úteis para o ensino, as novas tecnologias parecem estar sendo utilizadas com maior frequência para o relacionamento entre os pares, seja por meio de salas de chat, mensagens eletrônicas, jogos online, blogs, fotologs, entre outros (Santander, 2013).

Na pesquisa de Navarro e Yubero (2012) foi identificado que 84,6% acessam redes sociais como o Facebook pelo menos uma vez por semana. Para a amostra obtida por Rincón Rueda e Ávila Díaz (2014) as redes sociais mais usadas são Facebook (58,74%), Twitter (18,20%), WhatsApp (5,58%), Instagram (3,64%) e YouTube (2,91%). Cavalcante et al. (2017), mostram predominante o uso de redes sociais (60,09), buscadores (34,64%), correios eletrônicos (22,16%), navegadores (17,69%) e mensagens instantâneas (13,41%) e a maioria (54,94%) relatou ser importante utilizar as tecnologias de forma responsável. Já García Lirios et al. (2016) apontam o Facebook (184,23 minutos), seguidos do Twitter 64,3 minutos) e Google+ (M = 21,2 minutos) como as redes sociais mais utilizadas pela a sua amostra. Reyes e Banãles (2016) corroboram evidenciando que 96% dos seus entrevistados têm conta no Facebook e 46% acessar diariamente.

Sobre o conhecimento dos riscos presentes na rede, Vivas (2018) encontrou que 62% dos seus entrevistados afirmaram ter conhecimento sobre os riscos aos quais estão expostos, mas, a maioria já participou atividade potencialmente perigosa no uso das TIC, como: chatear com desconhecidos (27%), aceitar desconhecidos (26%) e usar a webcam para falar com amigos (14%). Além disso, 22% afirmaram que nunca há um adulto supervisionando quando usam à Internet, e um número ainda maior (69%) afirmou que um responsável só acompanha o uso da internet as vezes. Em contrapartida, 99% desses mesmos estudantes consideram muito importante que seus professores usem TICs em sala de aula, o que abre espaço para possibilidades de uso pedagógico das tecnologias.

Neste contexto é comum os jovens possuírem acesso sem supervisão às novas tecnologias, de modo que indivíduos com intenções perniciosas encontram grande facilidade de ameaçar ou insultar seus alvos. Azevedo el al. (2012) afirmam que mesmo para aqueles bem-intencionados, há uma tendência de naturalizar essas formas de abuso, uma espécie de “desengajamento moral” entre os jovens.

Características e prevalência do cyberbullying

As características do cyberbullying são definidas no estudo de Rincón Rueda e Ávila Díaz (2014) como uma forma de ataque virtual que perturba a integridade emocional das pessoas, especialmente os jovens entre 10-20 anos. Para eles o cyberbullying é próprio do contexto neoliberal, marcado pela individualidade e egoísmo com o qual os jovens não encontram estratégias para lidar.

A prevalência das vitimizações e comportamentos de cyberbullying oscilam nas pesquisas em virtude das diversas variáveis envolvidas e das especificidades de cada contexto de investigação. Na pesquisa de Rincón Rueda e Ávila Díaz (2014), 11,83% dos participantes dizem que já sofreram algum tipo de ataque cibernético, seja por assédio, ameaça, solicitação jogos eróticos, ou como continuação de agressões presenciais. Dados semelhantes são vistos em Varela, Pérez, et al (2014) em que, 11,4% relataram ser vítimas no ciberespaço.

Números ainda maiores foram encontrados por Prieto et al. (2015), para os quais, entre 20 % e cerca de 40 % foram vítimas de violência habitual, e por Navarro e Yubero (2012), que identificaram 27,95% de vítimas de cyberbullying, chamando atenção também para o fato de que as vítimas costumam passar mais tempo online, usar mais salas de chat e se comunicar mais com estranhos.

Mais recentemente, Sánchez Domínguez e Magaña Raymundo (2018) mostram que 27% dos participantes relataram ter sido assediados nos últimos dois meses. Já Stelko-Pereira, et al (2018) notaram que cerca de 37% dos alunos estavam envolvidos em situações de cyberbullying, 23% como vítimas, 3% agressores e 11% como vítimas e agressores. Mallmann, Lisboa e Calza (2018) identificaram em seu estudo mais da metade dos adolescentes (58%) como envolvidos em cyberbullying, sendo que 12,5% eram vítimas, 10,3% agressores e 35,2% vítimas-agressores.

Ainda neste contexto, Herrera-Lópeza e Ortega-Ruizb (2017) a prevalência de envolvimento em cyberbullying foi de 18,7%, dentre os quais 10,7% foram vítimas cibernéticas, 2,5% cyber agressores e 5,5% como vítimas e cyber agressores. Já Redondo-Pacheco et al. (2018) encontraram que 17,4% foram vítimas pelo celular e 21,8% pela internet pelo menos uma vez, em um período de tempo igual ou inferior a 1 mês. Castro-Granados, Medina-Almeida e Morales (2017) apontam que 19% dos alunos investigados por eles já foram vítimas de cyberbullying e 55% conhecem estudantes que já foram vítimas.

Sobre a percepção de professores a respeito das causas que influenciam o cyberbullying, Castro-Granados, Medina- Almeida e Morales (2017) identificaram as condições sociais, as relações interpessoais e o surgimento das redes sociais. 90% desses professores reconheceram a presença do cyberbullying entre os estudantes. Lanzillotti e Korman (2018) identificaram que quase todos os professores (98%) apontaram o a “difamação” como uma forma de cyberbullying, assim como o assédio (94,4%) e violação de privacidade (93%), o stalking (89,9%) e a sondagem e divulgação de informação (88,4%).

No que diz respeito aos tipos de agressão sofrida pela internet, López, Quezada e Navarro (2018) mencionam que 48% da sua amostra se sentiu incomodada e enojada ao receber fotografias pornográficas e 37,4% ao receber vídeos pornográficos sem que as tivessem solicitado, pois sentiram-se ofendidos. Além disso, 18,7% dos alunos foram ridicularizados por meio de memes e 77,8% dos alunos sofreram indiferença, especialmente pelo Whatsapp, gerando sentimentos de omissão e vazio. Já Sánchez Domínguez e Magaña Raymundo (2018) indicaram que 35% dos jovens foram vitimizadas por meio de mensagens curtas, 35% por meio de fotos e vídeos, e 6% por meio de ligações. O comportamento agressivo é, em geral, menos relatado pelos participantes das pesquisas, o que pode estar relacionado ao efeito da desejabilidade social, tendo em vista que a violência, em suas diversas formas, é vista como moralmente inadequada. Mesmo assim, as amostras das pesquisas de Varela et al. (2014) e Prieto et al. (2015) obtiveram um número considerável de relatos de agressão, com valores correspondentes a 12,5% e 30% dos investigados, respectivamente. Menay- López e Fuente-Mella (2014) identificam entre 10% e 11% de agressões realizadas pelo celular tipo smartphone e 17% pela plataforma Facebook. O anonimato do agressor foi bastante relatado nas pesquisas (Prieto et al. 2015; Amemiya, et al. 2013; Lorenzo, 2012; Santader, 2013).

Repercussões do cyberbullying para vítimas e agressores

Em um viés psicanalítico, Azevedo el al. (2012) destacam os agressores no cyberbullying como sádicos, no sentido do exercício da violência ou do poder sobre a outra pessoa que está na posição objeto. Nessa visão, o agressor se identifica com o agredido e necessita deste para que possa ser reconhecido, sentir-se seguro e afirmar-se como superior.

Para a vítima destaca-se o sentimento de medo associado às agressões, o que muitas vezes a impede de fazer denuncias ou procurar ajuda de terceiros. Prieto et al. (2015) demonstra que, além do medo, existe, desconfiança e paranoia em relação ao acesso e a alteração por parte do agressor de conteúdos pessoas através do roubo de senhas. García-Maldonado et al. (2012) constataram que 13% das cybervítimas têm medo dos cyberagressores e Rincón Rueda e Ávila Díaz (2014) também abordam o temor dos entrevistados em expressar qualquer evidência de ataque.

Stelko-Pereira et al. (2018) afirmam que entre 3% a 12% dos alunos declararam terem sido impactados negativamente pelo cyberbullying, especialmente pelo recebimento de mensagens ofensivas e xingamentos e por terem fingido ser o aluno. No estudo de Sánchez Domínguez e Magaña Raymundo (2018) foi encontrado que 55% dos participantes relataram sentir- se tristes, indefesos, desamparadas e solitários diante desse fenômeno, enquanto 45% indicaram que o cyberbullying não os afeta de forma alguma.

Na comparação entre as repercussões para vítimas, agressores e vítima-agressores, Mallmann, Lisboa e Calza (2017) demonstram que as vítimas e vítimas-agressores tiveram maiores escores nos esquemas de abandono, grandiosidade e autocontrole insuficiente. Já as vítimas indicaram escores mais altos em autossacrifício e defeito, enquanto as vítimas- agressores em desconfiança, busca de aprovação, negativismo e padrões inflexíveis. Por fim, os agressores foram associados principalmente aos esquemas de Negativismo, Desconfiança e Isolamento Social.

Outro dado apontado nas pesquisas é o risco de desenvolvimento de psicopatologias nas vítimas de cyberbullying. Santander (2013) afirma que o cyberbullying é frequentemente associado ao suicídio de adolescentes, mas considera que ele raramente é o único fator identificado como causa. Além disso, as vítimas, expostas a situações de humilhações e agressões psíquicas ou físicas, podem adquirir vários trans- tornos, entre eles: baixa autoestima, depressão, ideações/ comportamentos suicidas, entre outros, além de poder manifestar violência ao agressor ou a outras pessoas do meio social (Azevedo el al. 2012; Lorenzo, 2012).

Relação com o bullying tradicional e com outras variáveis

Nove pesquisas demonstram indícios da relação do bullying tradicional com o cyberbullying. A investigação de García- Maldonado et al. (2012) encontrou associação entre estas duas variáveis que aparecem nos homens e entre os papéis vítima- agressor tradicionais e cyberagressor (X² = 28,821; p <0,05; OR = 7,37; IC 95%, 3,7814,3). Além disso, os autores demonstram que o fator de risco mais importante para cybervítimas foi “se sentir inseguro na escola”, para cyberagressores “usar o computador escondido dos pais e tarde da noite” e para vítima- agressores cibernéticos “ser uma mulher”.

Além disso, autores como Giraldo, et al (2016) identificou relações significativas entre nível de bullying e de cyberbullying e Herrera-Lópeza e Ortega-Ruizb (2017) demonstraram que o bullying tradicional parece se prolongar no cyberbullying, de modo que o bullying influenciou diretamente o envolvimento em cyberbullying (ß = .85; p <.05) e estar na posição de vítima no bullying aumenta também as chances de cibervitimização (ß = 0,86; p <0,05). Por outro lado, o estudo de caso realizado por Echavarría, González, Bernal e Rodríguez (2017) com uma jovem de 14 anos, reforça que a vivência de cyberbullying também pode gerar o bullying tradicional, pois neste caso, ela passou a sofrer ambos os tipos de agressão por pessoas conhecidos e desconhecidos, após ter fotos intimas publicadas na rede. Ainda neste contexto Linne e Angilletta (2016) observaram que grande parte das manifestações de violência se enquadram em uma dinâmica offline-online.

Embora agressão entre os alunos através da Internet ocorra, em geral, fora da escola, a maioria dos tais ataques ocorre entre os mesmos alunos como uma continuação do que se iniciou na escola, pois mesmo havendo anonimato dos agressores na internet, geralmente os atores envolvidos se conhecem, de modo que o cyberbullying ocorre principalmente entre amigos, antigos amigos ou colegas, mas é incomum entre estranhos (Amemiya et al. 2013; Santander, 2013). Por isso, segundo Prieto et al. (2015) o cyberbullying pode ser até mais graves do que o bullying tradicional.

Em relação a variável sexo, as pesquisas de Varela et al. (2014), Amemiya et al. (2013) e Oliveros, et al. (2012) demonstram que os homens se reconhecem mais como agressores em situações de cyberbullying do que as mulheres. Além disso, ser do sexo masculino parece ser um fator de proteção para as vítimas, já que aparecem nesta posição em menor frequência (18%) do que as mulheres (22,7%) (Oliveros et al. 2012).

Em consonância com esses dados, o estudo de Mallmann, Lisboa e Calza (2018) demonstrou que, em geral, os meninos estão mais envolvidos em situações de cyberbullying, sendo essa diferença estatisticamente significativa [X2(1) = 4.90, p < .05]. Já a pesquisa de Arias Cerón, Buendía Eisman e Fernández Palomares (2018) destaca que as mulheres realizam menos cyberbullying em relação aos homens, independentemente do tipo do tipo de gestão escolar, com a maior diferença em escolas particulares, com 2,4% de mulheres ciberagressoras para 11,9% de homens. Já o estudo de Stelko-Pereira, Brito, Batista, Gondim e Bezerra (2018) maior cibervitimização entre as meninas, principalmente quando relacionado a sofrer ameaças psicológicas (p = 0,041) e receber mensagens ofensivas (p = 0,036), já os meninos parecem ser mais ridicularizados através de vídeos (p = 0,051).

Ainda em relação a questões de gênero, a pesquisa de Linne e Angilletta (2016) demonstra, através de postagens em redes sociais, que a violência virtual por ameaça, pode aparecer como expressão de relações abusivas, de modo que uma aparente declaração de amor opera como uma performance de ameaça ao parceiro e submissão feminina a violência imposta. Já o estudo de Peña Cárdenas, Rojas-Solís & García- Sánchez (2018) concluiu que os comportamentos violentos online dos parecem se generalizar para as relações entre pares e casais, havendo pontuações mais altas nas subescalas de controle / monitoramento, de modo que a cibervitimização foi mais malta (M = 13,59; DP = 7,35) que a ciberagressão relatada (M = 12,77; SD = 5,55).

Em relação a variável idade Herrera-Lópeza e Ortega-Ruizb (2017) evidenciam que alunos de 14 e 15 anos estavam mais envolvidos como cibervítima e cyberbully, já alunos com 16 anos ou mais também se envolveram mais como cyberbully e como vítima-agressor virtual. Stelko-Pereira at al. (2018) encontraram na faixa etária de 15 anos ou mais o maior envolvimento com situações de violência virtual, principalmente ao enviar mensagens ofensivas (12,6%) e receberem vídeos ofensivos ocorreu (6,6%), já aqueles que mais receberam mensagens ofensivas (18,8%) foram os alunos de 13 e 14 anos, seguidos por situações em que alguém fingiu ser a pessoa para prejudica-la (16,5%).

Em relação a variável idade Herrera-Lópeza e Ortega-Ruizb (2017) evidenciam que alunos de 14 e 15 anos estavam mais envolvidos como cibervítima e cyberbully, já alunos com 16 anos ou mais também se envolveram mais como cyberbully e como vítima-agressor virtual. Stelko-Pereira at al. (2018) encontraram na faixa etária de 15 anos ou mais o maior envolvimento com situações de violência virtual, principalmente ao enviar mensagens ofensivas (12,6%) e receberem vídeos ofensivos ocorreu (6,6%), já aqueles que mais receberam mensagens ofensivas (18,8%) foram os alunos de 13 e 14 anos, seguidos por situações em que alguém fingiu ser a pessoa para prejudica-la (16,5%).

Amemiya, et al. (2013) e Oliveros et al. (2012) identificam também maior incidência de cyberbullying em escolas privadas, o que é explicado pelo nível socioeconômico que permite maior possibilidade de acesso as novas tecnologias. Estes autores encontram também como fatores de risco para o cyberbullying: ter celular do tipo smartphone, computador no quarto e acesso a internet longe de casa. De modo diferente, Lorenzo (2012) aponta como fator de risco para vítimas: temperamento inibido, baixo apoio social, determinadas características físicas, tendo quem vista que o corpo é uma fonte de preocupação na sociedade atual, e ausência de resposta da família.

Em relação ao desempenho acadêmico, Reyes e Bañales (2016) apontaram que as vítimas parecem ter pior sucesso acadêmico do que os agressores. Assim, na amostra investigada, quanto menor a média obtida por um aluno, maior foi a possibilidade de ele se envolver em atividades de cyberbullying.

cyberbullying e o adoecimento psíquico, como depressão, ansiedade, agressividade e comportamento anti-social (Resett, 2018a). Além disso, Giraldo, et al (2016) identificou além da relação entre ansiedade, bullying e cyberbullying, relações entre cyberagressão e dependência de álcool, havendo tendência também no caso das vítimas. Pode-se mencionar ainda a relação do bullying e do cyberbullying com a ideação e comportamento suicida, abordado por Echavarría, González, Bernal e Rodríguez (2017) em seu estudo de caso.

Estratégias de enfrentamento

As pesquisas demonstram que as estratégias utilizadas pelos jovens para lidar com a intimidação online ainda são reduzidas. Rincón Rueda e Ávila Díaz (2014) afirmam que os jovens não são capazes de escapar desses ataques cibernéticos, mesmo após iniciativas por parte do Estado para melhorar as ferramentas de segurança online na Colômbia. Já Prieto et al. (2015) demonstram que ao contrário do que se esperava, tendo em vista os processos educativos, nos universitários mexicanos o nível de violência pode chegar a ser mais pronunciado.

Considerando a existência de falhas nas estratégias pessoais de enfrentamento ao cyberbullying algumas pesquisas apontam a necessidade de haver uma articulação mais abrangente para lidar com o problema, incluindo não apenas os jovens envolvidos, mas também as instituições educativas, legais, as famílias e a sociedade como um todo. Algumas das sugestões fornecidas por Rincón Rueda e Ávila Díaz (2014) são: não responder as ameaças ou ataques; não publicar fotos comprometedoras de amigos, conhecidos ou mesmo desconhecidos; denunciar os casos de cyberbullying; manter cópias de mensagens agressivas e registros de atividades; controlar as informações online; personalizar as publicações; e configurar as marcações.

Santander (2013) enfatiza o papel das instituições de ensino na prevenção do cyberbullying e indica a adição ao currículo de ações preventivas, investigações sobre a situação no território específico, treinamento dos adultos sobre o funcionamento das TICs, além do investimento na educação sócio-emocional desde a primeira infância. Especificamente sobre o papel do professor na prevenção e intervenção em casos de cyberbullying, Lanzillotti e Korman (2018) evidenciam que 74,7% dos professores investigados, em uma amostra Argentina, relataram que não possuem ferramentas suficientes para intervir em casos de cyberbullying e 84,3% afirmam que foi necessário receber treinamento específico para abordar este tema na escola.

Já Castro-Granados, Medina-Almeida e Morales (2017) relataram que os professores de uma amostra colombiana percebem a necessidade de fortalecer as habilidades comunicativas e interpessoais, o uso das TICs, a resolução de conflitos, as estratégias éticas, psicológicas e pedagógicas para mediar e prevenir o cyberbullying. Além disso, 90% dos professores investigados acreditam que os pais também são responsáveis e devem intervir junto com os professores. Em contrapartida, Lorenzo (2012) e Amemiya et al. (2013) focalizam o papel das famílias na supervisão ao uso das novas tecnologias, pois acreditam que a ausência de acompanhamento das ações online pode facilitar o desenvolvimento de um padrão prejudicial de uso da rede e exposição a violência virtual.

Neste contexto, podem ser citadas pesquisas de demonstram lacunas nas estratégias utilizadas pelos alunos para lidar com a intimidação virtual. O estudo Sánchez Domínguez e Magaña Raymundo (2018) demostra que a principal estratégia utilizada pelas vítimas foi falar sobre sua experiência com outras pessoas (62%). Já de Mallmann, Lisboa e Calza (2018) aborda que as vítimas usam mais estratégias de coping de autocontrole, suporte social e fuga-esquiva, porem destacam que adolescentes que utilizaram a estratégia fuga-esquiva apresentam 17 % mais chances de serem cibervítimas do que jovens que utilizaram outras estratégias, o que a torna ineficiente para sessar as agressões. No caso das vítimas- agressores, a estratégia mais presente é a de confronto.

Ainda sobre as estratégias utilizadas por estudantes, Sánchez Domínguez e Magaña Raymundo (2018) apontam que 62% dos alunos investigados comentaram que discutiram a situação com seus pais, um amigo ou professor, 19% reagiram com choro ou vingança. Além disso, 44% estes discentes acreditam que proibir o celular na escola evitaria o cyberbullying, porém entre os que acham que não adianta proibir o uso, 29% justificam que os agressores agiriam mais tarde, fora da escola, enquanto 27% acreditam que os agressores usariam o celular secretamente.

É interessante mencionar ainda o programa de intervenção realizado por Pérez et al. (2013) para lidar com o bullying e o cyberbullying nas escolas chilenas, cuja avaliação dos resultados demonstrou redução estatisticamente significativa na percepção dos participantes de ser vítima de intimidação presencial e online (p = 0,02). O impacto deste programa ainda é reduzido, mas alerta para o desafio de alcançar in- tervenções mais profundas e eficientes. Mais recentemente, Martínez-Vilchis, Reynoso e Rivera (2018) desenvolveram um programa de competências emocionais para a prevenção do cyberbullying envolvendo as habilidades de consciência emocional, regulação emocional e competência social, de modo a produzir um impacto positivo e significativo no cy- berbullying em alunos do ensino médio mexicano, reduzindo a vitimização e a justificativa desse tipo de violência no grupo experimental, ou seja, além de intervir nos casos existentes, permitiu prevenir o seu aumento.

Conclusão

A partir dos aspectos levantados na literatura é possível dizer que até 2018 os estudos empreendidos na américa latina têm focalizado o conhecimento acerca do fenômeno e suas especificidades, especialmente através de estudos quantitativos com escalas de medida, havendo carência de estudos qualitativos e intervenções práticas na realidade social para lidar com o problema.

Sobre este aspecto, chama-se atenção para a necessidade aumentar a produção científica latino-americana sobre o cyberbullying através de estudos originais com metodologias diversificadas a fim de abranger a complexidade do fenômeno e acompanhar as aceleradas mudanças tecnológicas atuais.

É reconhecido o esforço das pesquisas que fizeram parte da amostra deste estudo em construir um panorama geral sobre as manifestações do cyberbullying, principalmente no que diz respeito aos diferentes usos das tecnologias pelos jovens, as características e a prevalência do cyberbullying na América Latina, as repercussões do fenômeno na vida de vítimas e agressores, as relações com as formas de intimidação tradicionais e com outras variáveis, assim como algumas estratégias de enfrentamento ao problema.

Como limitações desta revisão, destaca-se a utilização de apenas duas bases de dados online e o uso de apenas um descritor para a busca. Outras pesquisas devem dar continui- dade ao estudo da temática englobando as especificidades de cada país latino-americano. Destaca-se em especial o Uruguai e Equador, que só tiveram um artigo incluído nesta amostra.

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